Justiça
Veja, ponto a ponto, o que decisão de juiz revelou sobre envolvimento de pastora na morte dos filhos no ES
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A prisão preventiva da pastora Juliana Sales trouxe à tona novos elementos sobre a morte dos filhos dela, Kauã, de 6 anos, e Joaquim, de 3. Na decisão, o juiz cita, por exemplo, que ela sabia que o marido,o pastor Georgeval Alves,planejava usar a morte das crianças para ganhar notoriedade e ascensão religiosa.
George, que é pai de Joaquim e padrasto de Kauã, foi preso acusado de estuprar, agredir e queimar vivas as crianças. Já Juliana foi presa por ter sido omissa.
Decisão
A participação de Juliana no crime, que havia sido descartada no inquérito policial enviado ao Ministério Público, foi revelada através da divulgação da decisão do juiz André Dadalto, da 1ª Vara Criminal de Linhares, que decretou a prisão preventiva de Juliana e George.
Veja, ponto a ponto, o que revelou a decisão:
- George buscava, em parceria com Juliana, uma ascensão religiosa e aumento expressivo na arrecadação de valores por fiéis. Por isso, matou Kauã e Joaquim para utilizar a tragédia em seu favor.
- Juliana sabia que George tinha comportamento sexual incompatível com a sua “pregação”, já que em uma troca de mensagens ela disse ter “nojo” e ele disse se sentir “imundo” e um “lixo”.
- Kauã e Joaquim já apresentavam sinais de abusos sexuais. Na escola, Kauã chorava desesperadamente, mas alegava aos seus professores que não podia relatar a motivação. Joaquim, também na escola, relatava que sofria abusos sexuais. George e Juliana disseram que os abusos não eram praticados no âmbito doméstico e familiar e tentaram culpar uma outra criança, de 5 anos.
- Juliana sabia que George deixava faltar alimento, medicamentos e atendimento médico para as crianças.
- Juliana tinha conhecimento dos supostos abusos sexuais sofridos pelos filhos. Tanto, que em uma conversa entre os acusados, Kauã reagiu emocionalmente após ter sofrido “maldades” por parte de dois “caras” na piscina. George e Juliana não tomaram qualquer medida ou providência em relação ao ocorrido.
- Em um dos cultos ministrados por George, com a presença de Juliana ao seu lado, estranhamente ele “prega” que estupradores de crianças devem ser perdoados pelos membros daquela igreja.
- Juliana tinha conhecimento que os seus filhos eram submetidas a violência física e psicológica, pois fotos enviadas entre os acusados mostravam as crianças machucadas.
- George e Juliana, após o crime, foram até a casa e retiraram objetos do quarto das crianças, inclusive lençóis e demais roupas de cama, entregando-os a terceiros para serem lavados.
- Nos depoimentos, Juliana afirmou que George era um bom pai e possuía uma relação harmoniosa. Mas, mensagens trocadas pelo casal demonstram que eles tinham um relacionamento conturbado e que George desprezava as crianças.
- Em conversas com a mãe, Juliana diz que dormiu bem após o crime, e, no dia seguinte dos fatos, frequentou bares, restaurantes e shopping em companhia de George e amigos.
- Por mensagem, Juliana disse para o George, quando ele foi intimado a comparecer perante a autoridade policial para prestar declarações: “Eu não estou preparada para dar errado”.
- Em conversa com alguns pastores, demonstrando nervosismo, ela disse: “Não sei se vou conseguir ser forte até o final”.
- Juliana tinha interesse em sair de Linhares. Foi dito por um dos membros da igreja que o casal tinha a intenção de ir para a cidade de Conceição da Barra. Em conversas pelo celular, a mãe de Juliana sugeriu que ela deixasse a cidade.
O caso
Joaquim, de 3 anos, e Kauã, de 6 anos, morreram carbonizados dentro de casa, em Linhares, no dia 21 de abril. O marido de Juliana, o pastor George Alves, foi acusado de estuprar, agredir e queimar as crianças vivas. O terceiro filho da mulher não estava na casa no momento do crime.
George Alves está preso desde o dia 28 de abril em um presídio do Espírito Santo. Já Juliana foi presa na madrugada desta quarta-feira (20), na casa de um amigo da família, em Minas Gerais.
O filho mais novo do casal foi entregue á família materna.